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Posts Tagged ‘história’

“Mentirosos e ladrões”

Encontrei B ontem pela segunda vez. A primeira vez que nos falamos, há uns três anos, foi em inglês. Dessa vez eu podia falar em holandês. Para iniciar a conversa, me perguntou o que eu achava de morar na Holanda. Rapidamente, o papo foi parar no idioma:

– Eu acho que o mais difícil no holandês é a pronúncia, disse ele.
– O problema é que em português emitimos o som a partir da nossa boca e em holandês os sons vêm um pouco mais de dentro, da garganta, completei.

B concordou comigo e prosseguiu:
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O progresso e o protesto

A estação de trem e metrô Sloterdijk, em Amsterdã fica numa área rodeada por prédios modernos. A maioria deles funciona como escritório. Em volta da estação está a Carrascoplein.

carrascoplein

Os urbanistas que receberam a tarefa de transformar a área repleta de viadutos em monumento não conseguiram imaginar um local onde a natureza pudesse coabitar com o progresso. Plantaram ali troncos de árvores de metal.

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Eles rumaram para o Brasil

Houve um tempo em que milhares de imigrantes embarcavam num navio rumo ao Brasil. Alguns materiais que narram essas aventuras e desventuras caíram em minhas mãos.

Holandeses no Brasil
Holandeses no Brasil é uma série de seis programas da Radio Nederland que aborda diversos aspectos da cultura holandesa no Brasil, desde a época da invasão, comandada por Maurício Nassau em Pernambuco no século XVII, até as relações econômicas e culturais existentes.

holambraRailda Herrero e Mario de Freitas estiveram no Brasil no início de 2003 para realizar esta reportagem.

Holambra
Holambra é um programa da Radio Nederland dos anos 70.

Walter Alves viajou para esta colônia holandesa localizada no interior de São Paulo e conversou com algumas pessoas que lá moravam.

Aqui você pode ouvir este programa.

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A casa da menina do diário

“Hei de publicar um livro depois da guerra com o título O esconderijo secreto. Se serei ou não bem sucedida, não se pode prever, mas o meu diário me servirá de base”.
Anne Frank

Talvez o diário dela, traduzido para 67 idiomas, seja um dos mais lidos no mundo. E o esconderijo seja um dos pontos turísticos mais visitados de Amsterdã. Faça chuva ou faça sol, verão ou inverno, sempre há filas de pessoas para conhecer o local em que a guria viveu com sua família antes de ser levada para o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, e falecer de febre tifóide no campo de concentração, em Bergen-Belsen, na Alemanha, aos 15 anos.

Pode causar uma sensação estranha visitar uma casa que ‘vivenciou’ tanto sofrimento. Logo na primeira sala há uma maquete, com uma réplica em miniatura dos móveis, já que estes também foram levados pelos nazistas quando os Frank, os Pels e Fritz Pfeffer, que ali viviam de maneira clandestina, foram delatados.

Difícil não entrar naquele lugar sem se arrepiar. Em todos os cômodos há passagens do diário, o que comprova a história e nos faz pensar nos horrores de guerra, de ontem e de hoje. E esse é também um dos objetivos da Fundação Anne Frank: “promover a tolerância e o respeito mútuo na sociedade”.

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Para visitação, há um guia da casa em português. Na loja (física ou virtual), também é possível encontrar o livro Anne Frank, uma história para hoje em português do Brasil. Em português de Portugal podem ser encontrados o Diário da Anne Frank e Anne Frank, uma vida, uma biografia para crianças em português de Portugal.

Pela internet, e pagando €0,50 extra, é possível comprar os ingressos com antecedência, com data e hora marcada.

No ano passado, a Fundação Anne Frank trouxe uma mostra com cartas inéditas. Aqui há cópias e áudios delas em português.

No meio do caminho tinha um dique

Quanto mais tempo moro nesse país, mais entendo a importância das construções.

O Afsluitdijk, por exemplo, que liga a província de Holanda do Norte com a de Frísia. Ele faz parte do caminho para a casa dos pais do namorado.

monumentoA primeira vez que por ali passei, o namorado ficou chateado porque estava nublado e eu não podia ver direito a imensidão de água que nos cercava.

Na vez seguinte, o tempo estava melhor. Olhei. Avistei o horizonte. De um lado, água. Do outro, mais água!

Me perguntei o que tornava aquele dique, de 32 quilômetros, especial. Só o fato de uma estrada ter sido construída em cima dele? A ciclovia também não me causou espanto. Afinal, holandês vai para todos os lados de bicicleta.

O que tem demais? Os holandeses são especialistas em barrar o mar, drenar a água e conquistar mais terra. Utilizar essa tecnologia para também construir uma estrada começou a fazer mais sentido para mim.

Na penúltima vez que passamos por lá, pedi para pararmos no monumento que fica no meio do dique. Dessa vez estávamos voltando de Schiermonnikoog, a ilha mais ao norte da Holanda – e pouco mais longe do que nosso destino habitual.

Atravessamos a ponte, descemos a escada e entramos no café. Parece que o tempo parou por ali. Minha memória visual não é muito boa, mas me lembro de artigos de jornal amarelados, que narravam a construção do dique.

Subimos no mirante e dali vê se a grandiosidade da obra, que ficou pronta há 75 anos, em 28 de maio de 1932. Mas o que mais me chamou a atenção foi esse monumento (foto), para lembrar os responsáveis pela execução dos planos do engenheiro Cornelis Lely.

Planos que, agora, precisam ser readaptados. Afinal, o nível do mar anda subindo. Li, nesse artigo, que as obras vão começar em breve, para torná-lo capaz de resistir por outros 75 anos…

O dia em que imigrei

Há três anos vivo na Holanda. O mais incrível é que não consigo lembrar-me exatamente em que dia cheguei aqui. Procurei no diário daquela época. No dia dois de maio de dois mil e quatro escrevi que naquela noite eu viajaria e veria meu amado novamente. E também que seria a última noite dormindo na casa dos meus pais antes de me mudar. Sei que viajei durante a noite, mas será que a emoção não me permitiu ser clara? Cadê minha objetividade obsessiva?

Snarf baqueadoA próxima historinha no meu diário data de seis de maio. Mais uma vez, sem nenhuma pista concreta da data precisa que desembarquei no Schiphol. Não sei ao certo a quais datas me refiro quando escrevi que Snarf (foto ao lado) sofreu, por dois dias, o efeito das gotinhas de tranqüilizante para que ele relaxasse por algumas das pelo menos doze horas de viagem e check in/out.

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